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Transtornos Depressivos e Suicídio

Quando se pensa em depressão, a imagem mais comum é daquela pessoa triste, chorosa, desanimada, sem prazer nas atividades, com fala pessimista e pensamentos ruminativos. Entretanto, a depressão na infância e adolescência frequentemente se apresenta de maneira distinta, o que leva a um subdiagnóstico dessa condição.

 

Nas etapas iniciais da vida, deve-se atentar para a presença de humor irritável, desinteresse por esportes ou brincadeiras que gostava anteriormente, queda no desempenho escolar, ideias de não ser amado ou ser um fardo, retraimento social, lentificação ou hiperatividade. Em crianças, também é comum observar a presença de sintomas opositores e disruptivos que não apresentavam previamente.

 

Esse distúrbio é de importante investigação devido ao aumento do risco de suicídio que implica, conforme a gravidade. Além disso, as taxas de suicídio em adolescentes no Brasil e no mundo têm aumentado, sendo o suicídio a segunda maior causa de morte de jovens no mundo.

 

Outro comportamento que tem chamado a atenção nos adolescentes, especialmente, é denominado atualmente como autolesão não suicida, que é um comportamento autolesivo, não habitual e potencialmente fatal, sem a intenção de se matar. Dentre os exemplos, os mais comuns envolvem lesões de pele (cortes, cutucar feridas, mordidas, puxar os cabelos), mas também englobam engolir objetos pontiagudos e intoxicação não suicida. Os jovens costumam referir que fazem isso para “aliviar” a dor emocional por meio da dor física. Esse tipo de comportamento costuma coexistir com tentativas de suicídio e não deve ser desvalorizado durante a investigação clínica.

 

A avaliação médica torna-se fundamental, pois condições clínicas, como hipotireoidismo e anemia, por exemplo, podem levar a alterações comportamentais com sintomas que mimetizam quadros depressivos.

 

Dentro da perspectiva do tratamento, a combinação de psicoterapia e medicações psicotrópicas possui melhor evidência de resposta para casos moderados a graves. A psicoterapia é fundamental para reduzir padrões de pensamentos disfuncionais e deixar a pessoa mais instrumentalizada mentalmente a lidar com suas angústias. Já medicações, como os antidepressivos, agem para reduzir os desequilíbrios entre os neurotransmissores que modulam as emoções.

 

É importante ressaltar que os antidepressivos são ótimos medicamentos quando bem indicados, mas de forma alguma são “pílulas de felicidade”. Desta maneira, em minhas orientações de tratamento, sempre discutiremos outros aspectos da vida que compõem o tratamento. Devemos estimular sempre hábitos saudáveis de vida, como alimentação adequada, atividade física, hobbies e atividades de lazer, mas também dar atenção especial a boas relações sociais e familiares, estudos e perspectivas de futuro.

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